filter
Categories
- Littérature
- Jeunesse
- Bandes dessinées / Comics / Mangas
- Policier & Thriller
- Romance
- Fantasy & Science-fiction
- Vie pratique & Loisirs
- Tourisme & Voyages
- Arts et spectacles
- Religion & Esotérisme
- Entreprise, économie & droit
Éditeurs
Languages
Ebooks
Etnográfica Press
63 produits trouvés
-
O Centro de Estudos de Antropologia Social (CEAS) do I.S.C.T.E. (Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa) promoveu entre 1988 e 1989 um Seminário em que participaram antropólogos que, desenvolvendo a sua actividade de investigação e docência em Portugal, neste país têm realizado o seu trabalho de campo ou, de alguma forma, nele se situa o objecto de suas pesquisas. Desta referenciação precisa a um território e a uma língua claramente individualizados surgiu a designação geral de «Terrenos Portugueses», título deste Seminário. Com ele se procurou criar um espaço de encontro e conhecimento de trabalhos actualmente em curso de que, muitas vezes, só se tem notícia depois dos seus resultados serem publicados. Mas foi também nossa intenção propor com ele condições para a discussão de perspectivas teóricas e metodológicas que se prendem tanto com as estratégias individuais de pesquisa como com a diversidade dos objectos e questões abordadas.
-
Promotor e interveniente nas célebres "Conferências do Casino", historiador da literatura, introdutor em Portugal dos estudos linguísticos e da pedagogia, Adolfo Coelho (1847-1919) foi também - a par de Teófilo Braga, Consiglieri Pedroso, Leite de Vasconcelos e Rocha Peixoto - uma das figuras decisivas na constituido e desenvolvimento inicial da antropologia em Portugal. A cultura (...) cigana e a sua língua (...) constituem antes de mais urna curiosa possibilidade etnográfica: olhar o exótico no interior da cultura do observador. Efectivamente; embora partilhem os mesmos antepassados civilizacionais e lingüísticos que os seus hospedes europeus (...), os Ciganos apresentam uma organização social muito próxima da sua ascendêcia indiana, melhor dizendo, hindú e, nesta medida, irredutível à morfologia social predominante na Europa.
-
"De que falamos quando falamos de corpo?" foi a pergunta feita aos participantes neste volume colectivo. O tema do corpo e da incorporação é dos mais actuais e polémicos nas ciências sociais e nas sociedades contemporâneas. Tratar-se-á apenas de uma moda temática? Ou é causa e efeito de novas formas de olhar a sociedade? Tratar-se-á de uma questão própria dos centros internacionais de produção do saber, bastando-nos importar a produção feita em seu torno? Ou as gerações recentes de antropólogos portugueses têm um contributo a dar? Estas foram as questões colocadas aos autores, a quem se pediu que revissem os seus materiais de pesquisa à luz dos temas do corpo e da incorporação. O resultado foi uma afirmação de pragmatismo, em que ganha sentido a complementaridade entre perspectivas centradas na estrutura social, nas classificações simbólicas e nas práticas agenciadas.
-
Castelos a Bombordo" inclui alguns dos textos produzidos no âmbito dos projectos de investigação financiados pela FCT "Castelos a Bombordo: Práticas de monumentalização do passado e discursos de cooperação cultural entre Portugal e os países árabes e islâmicos" e "Castelos a Bombordo II. Práticas e Retóricas da Monumentalização do Passado Português, Cooperação Cultural e Turismo em contextos africanos". Esses projectos de investigação centraram-se primeiro nas rotas que ligam historicamente Portugal a alguns países árabes e islâmicos, balizadas por práticas de cooperação patrimoniais contemporâneas (Marrocos, Mauritânia) e alargaram-se, depois, a outros países africanos (Senegal, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique) investindo na análise de memórias, nostalgias e outros recursos patrimoniais, e às implicações dos regimes do turismo que a estes, muitas vezes, estão associados.Os seus objectivos incluíam também a desmontagem da retórica subjacente aos programas de cooperação contemporâneos e sua lógica de monumentalização, a decomposição estratigráfica do seu acervo constituinte e o acompanhamento dos discursos e práticas identitárias locais paralelos. À escala local, aquela que acabou por se privilegiar, o objetivo foi o de entender a gestão quotidiana dos novos regimes do património e do turismo e o modo como ela é determinada por - e afeta - conformações culturais e normas e categorizações sociais locais prévias.
-
A folclorização é um fenómeno cultural da modernidade. Operando com as noções de folclorismo e de folclorização, a presente obra pretende equacionar os parâmetros de um processo que conduziu à mobilização e integração das populações rurais na nação. Este efeito integrador estender-se-ia também à diáspora lusa. Uma perspectiva múltipla presidiu à organização do volume: abordar o folclore como cultura expressiva, avaliar o seu papel na sociedade e apresentar elementos para facultar uma visão comparada. Os capítulos tratam os seguintes tópicos: políticas da cultura, eventos, constituição de patrimónios, associativismo, representação da tradição, protagonistas, artefactualidade, lugares, turismo e diáspora. A amplitude das abordagens adoptadas nos artigos resulta da filiação disciplinar variada dos seus autores: antropologia, etnomusicologia, história, musicologia histórica, perfomance studies e sociologia.
-
Olhar as cidades e a vida urbana numa perspectiva etnográfica constitui o desafio deste livro. Compreender as cidades de dentro, de baixo, a partir de urna relação próxima entre quem vê e quem é observado permite ir ao encontro do que de mais incerto e surpreendente as cidades nos têm para oferecer polícias, associações, culturas juvenis, práticas de lazer, territorios psicotrópicos, identidades étnicas, práticas habitacionais... Etnografias Urbanas reúne um conjunto de comunicaóes, comentários e reflexões, de cariz interdisciplinar, realizadas no encontro Cidade e Diversidade: Perspectivas de Desenvolvimento em Antropologia Urbana que, em Setembro de 2001, reuniu cerca de vinte investigadores de várias "gerações" e pertengas disciplinares.
-
Decorreu nos dias 27, 28 e 29 de Junho de 1996, na vila de Portel, o colóquio intitulado Artes da Fala e subordinado ao tema da oralidade a sul do rio Tejo numa perspectiva antropológica. Organizado pela Câmara Municipal de Portel e pelo Centro de Tradições Populares Portuguesas (Universidade de Lisboa), tendo o professor Manuel Viegas Guerreiro assegurado a respectiva coordenação científica. A realização do evento traduz a congregação de esforços entre uma unidade científica e uma entidade autárquica para que durante as jornadas referidas se criasse um ambiente de estímulos mútuos. Durante as sessões do Colóquio de Portel foram debatidas questões relacionadas com a abordagem da oralidade no Sul de Portugal. Este tema tem um significado duplo. Se, por um lado, fornece matéria para a construção de memória, por outro, caracteriza realidades presentes. Distinguir estas questões implicou interrogar a noção de cultura popular. Ao fazê-lo, somos obrigados a desfazer dicotomias no nosso modo de pensar.
-
SENHORES DE SI é um estudo sobre o variedade das identidades masculinas, por um lado, e os efeitos da masculinidade hegemónica, por outro. Baseado em trabalho de campo numa aldeia Alentejana, na experiência de vida partilhada com os seus homens, apresenta uma etnografia em diálogo com teorias recentes das ciências sociais sobre "sexo e género". Partindo da teoria crítica feminista, pretende suprir a ausência dos homens nos estudos do género e fornecer uma interpretação dos discursos e práticas da masculinidade, enquanto construção social e objecto de disputa pelo seu significado cultural.
-
O que é a antropologia em Portugal hoje? Melhor do que tentar defini-la, é identificar quais os contextos que a situam. Este livro é um esforço por superar a descrição etnográfica sem nunca a perder de vista. Como compreender a história da disciplina? Quais as implicações do trabalho de campo quando feito tão perto de casa? A antropologia portuguesa é mediterrânica? Qual a relevância comparativa do material que os antropólogos recolhem? Como ultrapassar a erosão teórica das categorias comparativas no estudo da família? Quais os parâmetros que situam a vida familiar no Sul da Europa? Muito se tem escrito sobre a família rural, mas a antropologia não deve parar às portas da cidade. Como exemplo, o autor penetra num campo até agora largamente deixado ao abandono: as práticas familiares da burguesia.
-
0 rap partilha com outras práticas juvenis a itinerância, a intensidade e a criatividade. Os rappers circulam no espago urbano, fixando e representando o «movimento» hip hop que inclui outras formas de expressão como o graffiti e o break dance. Fixar o Movimento explora a forma como, na segunda metade dos anos 90, este estilo musical entrou na esfera pública em Portugal suscitando interesses e representacóes variadas, numa sociedade em transformação preocupada em gerir a sua identidade multicultural.
-
O livro que o leitor tem entre mãos, da autoria de Graça Índias Cordeiro, resgata um espaço emblemático e amplamente conotado da realidade urbana e do imaginário colectivo lisboeta - o bairro da Bica. A abordagem proposta combina a mais sólida ortodoxia antropológica com os elementos analíticos e apologéticos que têm forjado dialogicamente a própria identidade de bairro no contexto mais amplo da cidade. Percorrendo fontes tão díspares e abundantes como literatura olisiponense, fontes censitárias, urbanísticas, e históricas municipais e, especialmente, dando voz aos actores sociais de bairro, a autora constrói, de forma miniaturizada, a histórica social de algumas famílias, das suas relações sociais e de parentesco, de formas de associativismo, recuperando a memória histórica dos Bicaenses. Inserindo a análise da Bica no quadro contextual do processo histórico, cultural e social lisboeta, como um todo integrado e interactivo, Um Lugar na Cidade, mais do que um estudo de um bairro na cidade, é, assim, um estudo da cidade de Lisboa.
-
O Estado Novo e os seus vadios
Susana Pereira Bastos
- Etnográfica Press
- 21 January 2019
- 9791036516245
O presente trabalho constitui urna reflexão antropológica sobre o tema da construção social das identidades desviantes, a partir de uma pesquisa sobre uma figura marginal complexa, conceptualizada como fonte de impureza, poluição e perigo para a identidade nacional portuguesa - o vadio e seus equiparados (mendigo profissional, prostituta de escândalo público, homossexual, chulo, rufião, proxeneta, reincidente, etc.) -, bem como sobre o modelo institucional criado com vista à sua repressão e regeneração moral pelo projecto sociopolítico dominante ao longo dum período recente da história portuguesa contemporânea vulgarmente designado por Estado Novo.
-
Homens que partem, mulheres que esperam
Caroline B. Brettell
- Etnográfica Press
- 21 January 2019
- 9791036516269
Durante a última ou as duas últimas décadas, tem havido tentativas significativas da parte da comunidade de estudiosos de ultrapassar as fronteiras entre as várias disciplinas, de partilhar metodologias e conhecimentos teóricos e de, ao mesmo tempo, pôr novas questões e criar vias de investigação inteiramente novas. Um dos intercâmbios mais frutuosos verificados deu-se entre as disciplinas de História e Antropologia (Kertzer 1984a). A um nível, o intercâmbio foi simultaneamente essencial e específico. Como Stone (1982) refere, os antropólogos têm feito perguntas acerca de estruturas de parentesco, regras de residência, perguntas que são de interesse vital para uma nova geração de historiadores da família e da sociedade. A formulação de certos princípios gerais acerca da «natureza do homem» ou da «natureza da vida social» com base num estudo intensivo da dinâmica da vida numa comunidade local tem uma tradição igualmente longa em antropologia. Em meios ligados à história, é um fenómeno mais recente. Aquilo a que Stone chama «história total» não é senão o que os antropólogos há muito designaram por «holismo».
-
Wealth and power characterize elites, yet despite the strong cultural influences they exert, their study remains underdeveloped. Partly because of complications resulting from access, scholars have tended to focus on groups affected by elite governance rather than on elites themselves. It is often overlooked that, in order to continue through time, elites have to empower new members. Choice has to be exercised over who achieves leadership, both by reference to the elite group itself and to the wider group over which it holds power. This book fills a gap in the current literature by providing the first rigorous interrogation of the choice and succession strategies of elites in various cultural contexts - from the transmission and preservation of financial power in urban contexts to the complex relation between subjectivity and the transmission of leadership positions in places as varied as the United States, Northern Italy and Lisbon. Various elite succession types are discussed, from self-avowedly 'traditional' leaders to the aristocracy, where choice is practically non-existent, to situations where leaders are elected from amongst a group of peers. The relationship between familial property and choice of successor in landholding families, small business enterprises, and peasant communities is also examined, as are ethnic monopolies.
-
Arua como lugar estratégico para a observação da vida urbana no que esta tem de mais peculiar é o tema central deste livro. A proposta é simples e exploratoria: procurar diferentes aproximações a esta realidade complexa a partir do olhar da antropologia, da história, da sociología e da arquitectura, em contextos geográficos e temporais distintos. A rua surge como problema a identificar e como lugar privilegiado para a troca e circulação de saberes disciplinares. Enquanto imagem e símbolo de um modo de vida urbano, lugar onde ocorrem as sociabilidades mais "típicas" da cidade, a rua condensa e viabiliza todo um imaginário feito de discursos, memórias e emoções, que atravessam e elaboram simbolicamente a cidade naquilo que ela tem de mais original. Espaço, tempo e sociabilidade são apenas tres tópicos que ajudam a ler as contribuições da presente colectânea, cujos autores partilham urna preocupação fundamental: apreender a rua à escala de quem a vive, de perto e em situação... Na Paris popular oitocentista, nos actuais campos de refugiados ou na Lisboa dos séculos xix e xx, vamos ao encontro dos lugares da rua.
-
A criminalidade de um país (e, menos ainda, a sua violência) não pode confundir-se com a imagem que dela apresenta a estatística judiciária. Seja qual for o campo em que pretenda incidir, a estatística é um trabalho de «construção», a que seria absurdo atribuir «o poder de dizer a realidade». Assim, ao debruçarmo-nos sobre a estatística judiciária, não é inútil interrogarmo-nos sobre o que ela encobre ou exclui: Quem escapa à polícia? Quem, uma vez preso, escapa à justiça? Quem, uma vez julgado, escapa à prisão, etc.? Num contexto histórico em que a estatística era chamada a estabelecer o «estado moral» da sociedade3, já o autor do nosso primeiro grande estudo de estatística criminal precisava não poderem as estatísticas «servir para só por elas se aquilatar o grau de moralidade de um povo», que mais não fora por causa de todos os que a elas escapam - «uns porque o acto que praticam não é juridicamente considerado como crime e outros porque de várias formas se eximem à expiação da pena imposta pela lei»
-
O profícuo legado documental, bibliográfico e fotográfico de Jill Dias (1944-2008) foi doado pela família à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, que delegou no CRIA - Centro em Rede de Investigação em Antropologia, a sua gestão. O CRIA empenhou-se na sua inventariação, catalogação e divulgação com o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, que subsidiou o projeto Jill Rosemary Dias: acervo documental, bibliográfico e fotográfico com vista à concretização desses objetivos. No âmbito desse projeto foram publicados os livros Cadernos de Jill Dias: Inventário de um Arquivo / The Jill Dias Notebooks: Archive Inventory (Lisboa, CRIA, 2011), que inventaria o seu fundo documental depositado no CRIA, e As Lições de Jill Dias: Antropologia, História, África, Academia / The Jill Dias Lessons: Anthropology, History, Africa, Academy (Lisboa, CRIA, 2013), que reúne os contributos de uma homenagem de colegas e estudantes com o mesmo título realizada na Fundação Calouste Gulbenkian (2012), que também patrocinou as atividades e publicações.
-
Na década de 1980 a renovação dos meios gráficos chegou finalmente a Portugal. Esta veio transformar um sector que se manteve durante séculos maioritariamente assente na composição e impressão de texto a partir de caracteres móveis tridimensionais em chumbo: a tipografia. Todo um universo sóciotécnico foi então abalado. Nas oficinas a tipografia passou para segundo plano, ultrapassada pela infografia e impressão offset, aguardando o desmantelamento definitivo da tecnologia que fica para a história como a «mãe das artes gráficas». O olhar etnográfico, legado da antropologia social e cultural, levou a autora a lugares onde a tipografia e os tipógrafos se fizeram ouvir até à viragem do século xx para o xxi.
-
Este livro explora a importância que tiveram no desenvolvimento histórico da etnografia portuguesa dois tópicos centrais: a) a cultura popular de matriz rural, como objecto fundamental de pesquisa; b) uma perspectiva interpretativa que fez desta um terreno estratégico para o tratamento de temas relacionados com a identidade nacional portuguesa. Na prossecução desse objectivo, João Leal - professor de Antropologia do ISCTE - adoptou um enfoque disciplinar amplo, por forma a levar em conta um conjunto de discursos que, embora originários de campos como a arqueologia, a literatura ou a arquitectura, partilham com a etnografia o mesmo fascínio pelo popular como instância de fundamentação da identidade nacional. Para além do tratamento de temas como as teses lusitanistas, a saudade e as discussões sobre a psicologia étnica, a dialéctica entre nação e região, «Etnografias Portuguesas» propõe ainda uma abordagem detalhada das principais expressões de interesse pela arquitectura popular no decurso do século XX: da «casa portuguesa» aos trabalhos de Veiga de Oliveira e seus colaboradores, passando pelo «Inquérito à Habitação Rural» e pelo «Inquérito à Arquitectura Popular Portuguesa».
-
Este livro contém um capítulo introdutório e por três ensaios mais longos. O primeiro capítulo insiste no carácter contextual de qualquer análise da família e pretende demonstrar que o seu estudo comparativo tem sempre um carácter interdisciplinar. O segundo apresenta o conceito de regime demográfico e mostra como a dinâmica das populações antigas reflecte as funções demográficas da família e, por conseguinte, os factores socioeconómicos que lhe servem de enquadramento. Os restantes dois capítulos constituem uma primeira aproximação à complexidade e especificidade do caso português. O terceiro identifica os padrões de nupcialidade observáveis em Portugal continental durante a segunda metade do século . Para além de constituir uma contribução original para a metodologia da demografia histórica, o ensaio constiui um ponto de partida para investigações mais aprofundadas e localizadas sobre a articulação interna dos regimes demográficos. O último capítulo, por sua vez, propõe-se analisar o sistema familiar, descreve a sua configuração regional com base nos dados do Censo de 1960 e identidica os principais factores subjacentes à variação nas estruturas familiares: o grau de subordinação do tecido económico à lógica de mercado e a medida em que essa subordinação permite a estruturação das relações sociais e familiares em torno da lógica da casa. Aprincipal novidade do ensaio reside no facto de apresentar, pela primeira vez, um quadro pormenorizado e de conjunto do sistema familiar português e da sua evolução no tempo, abrindo caminho para investigações mais aprofundadas e localizadas sobre a estruturação do sistema familiar e sobre as suas relações com o contexto socioeconómico.
-
Há uma lacuna nos estudos antropológicos sobre o sistema de castas na Índia. São raros os trabalhos sobre Intocáveis, castas consideradas "impuras" e, como tal, socialmente depreciadas. Decidiu por isso a autora realizar um trabalho de campo sobre os Vankar, casta Intocável de tecelões do Estado do Gujarat. Ao leitor é proporcionada uma apresentação fascinante do universo Vankar, através das suas práticas e rituais, dos seus deuses e demónios, dos seus mitos. Arigidez atribuída à hierarquia do sistema social indiano é relativizada. Defende a autora que existem inúmeras passagens, contactos e contaminações entre castas - em teoria rigorosamente separadas umas das outras. Em particular, é sugerido que, quando a ordem social e cósmica está ameaçada de ruptura, os últimos passam, num certo sentido, a ser os primeiros. Cabe então à casta mais desvalorizada (Intocável) assumir o poder de sustentar ou restabelecer a ordem vacilante. Em Reis e Intocáveis, Rosa Maria Perez confronta-nos com um caso exemplar. Na aldeia de Valthera, atingida pela grande seca de 1985-1988, os Vankar são solicitados por toda a população, e em primeiro lugar pelos Rajput (a casta dominante), a exercer o poder de trazer a chuva, atributo partilhado com o soberano hindu. Este é um dos primeiros estudos antropológicos realizado numa universidade portuguesa que incide sobre um espaço exterior ao do antigo império colonial.
-
O Concelho de Melgaço, apesar de pertencer a uma das regiões mais húmidas da Europa, não escapa aos conflitos criados à volta da água em tempo de rega. Através da leitura de uma actividade agrícola sazonal, a rega do milho e dos produtos hortícolas, procura-se compreender o modo de funcionamento e a organização social de um vale rural do Noroeste de Portugal, e mostrar como os conflitos sazonais contribuem para manter, dar continuidade e modernizar a sociedade. Terra de água e milho, terra de partida para o estrangeiro e retorno do investimento, a pouco e pouco o vale de Melgaço está a tornar-se uma terra de vinha Alvarinho que anuncia profundas mudanças na economia. Um passeio numa paisagem de montanhas de pequena altitude, luxuriante, parando por momentos junto dos regos, corgas, levadas e poças, com o intuito de conhecer aqueles que regam e as suas famílias, essa é a intenção deste livro... na esperança de que o encanto desses lugares transpareça das suas linhas.
-
Grandes famlias, grandes empresas
Maria Antnia Pedroso De Lima
- Etnográfica Press
- 21 January 2019
- 9791036516306
Para perceber em toda a sua complexidade como é que as grandes empresas portuguesas se relacionam com as grandes famílias que são suas proprietárias era necessário optar por urna metodologia etnográfica. O presente livro é exemplo de como um estudo intensivo de um número de casos relativamente pequeno, pode bem ser mais revelador do que estudos que, sendo mais abrangentes em termos numéricos, estão dependentes de modelos de interpretação menos intensivos. A elite que Maria Antónia Pedroso de Lima caracteriza corresponde ao contexto social de maior acumulação de riqueza a nível nacional português e até a nível internacional. Contudo, não poderíamos afirmar que se trata da elite portuguesa, já que a vida política e cultural portuguesa contemporânea é controlada por outros sectores sociais cuja radicação social nas classes medias profissionais é bem distinta da destas famílias empresariais. O relativo distanciamento destas famílias dos meios políticos e mediáticos nacionais posiciona-as numa espécie de marginalidade superior por relação aos contextos hegemónicos dominantes na sociedade portuguesa contemporânea. (...)
-
A Missão
Jorge Freitas Branco, Luisa Tiago De Oliveira
- Etnográfica Press
- 21 January 2019
- 9791036531705
No auge da efervescência desencadeada pela Revolução de 25 de Abril, mais de uma centena de adolescentes, de ambos os sexos, passam o Verão de 1975 dedicados a uma acção concertada de recolha de cultura popular. Foi a resposta a um apelo de Michel Giacometti, o homem que, desde finais da década de cinquenta, percorrera Portugal captando a voz do Povo. Faltava um museu dedicado a esta causa. Este livro reconstitui o quotidiano dos jovens brigadistas percorrendo povoações, aldeias e vilas em todo o país. Do trabalho de terreno resultaria uma descoberta do mundo rural, percepcionado na diferença de comportamentos nos domínios do sexo, da religião, da política e da alimentação. [Versão reduzida e revista de Ao Encontro do Povo. I. A Missão, Oeiras, Celta Editora, 1993]